Rua das Palmeiras
Um dos cartões postais principais de Joinville é a Rua das Palmeiras, nome pela qual é conhecida a Alameda Brüstlein. A via foi tombada pelo Município em 2005, por sua importância histórica e paisagística.
As 56 primeiras palmeiras foram plantadas no local a pedido do procurador dos príncipes, Frederico Brüstlein, em 1873, com mudas criadas a partir de sementes vindas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A escolha da árvore foi um agrado ao príncipe de Joinville, que havia declarado em sua primeira visita ao Brasil, em 1838, que o coqueiro seria sua árvore favorita. Desde 1961, novas palmeiras foram plantadas, tanto para repor algumas que morreram, quanto porque a vida útil das palmeiras-imperiais é de até 200 anos - assim, Joinville não ficará sem seu cartão postal quando lhes chegar a hora.
Farmácia Minancora
Na esquina norte, encontra-se o edifício da antiga Farmácia Minancora. Foi neste prédio que se localizavam a residência, a farmácia e a fábrica das nacionalmente renomadas pomadas Minancora, de propriedade do fundador da empresa, o comendador Eduardo Augusto Gonçalves. Ele chegou ao Brasil no início do século XX, e como farmacêutico formado na Universidade de Coimbra, passou a investigar a flora brasileira.
Em 1912, desenvolveu a fórmula que chegaria até os dias de hoje. Em 1929, Eduardo Gonçalves manda construir este prédio para abrigar sua residência, farmácia e laboratório. O prédio, tombado em âmbito estadual, foi construído pela empresa Keller & Cia, com projeto de autoria do arquiteto Georg Keller.
Este prédio, por sua localização, importância histórica e arquitetura, é um ícone da cidade. Seu estilo é eclético, mas já com traços modernistas, tais como a composição dos volumes e uma ornamentação mais discreta. Seu elemento de maior destaque é seu torreão marcando a esquina. Os beirais são interrompidos acentuando a sua verticalidade. No térreo, a esquina em chanfro abriga a porta principal em arco pleno e bandeira com caixilharia com elementos curvos. Acima desta uma mísula escalonada sustenta o volume do torreão que tem um friso denticulada na sua parte inferior. Três janelas verticais com bandeira se alinham com os óculos ovais emoldurados por guirlandas no terceiro nível. Pilastras marcam as arestas que se prolongam formando pilaretes da sacada circular do último nível.
Neste um corpo menor recuado é encimado por uma cúpula metálica octogonal em três estágios e um pináculo coroa todo o volume. As demais esquadrias são em verga reta com bandeira e trabalhadas em composições variadas de retas, curvas, ovoides e losangos. Pilastras sem interrupção por frisos horizontais marcam o ritmo entre as aberturas juntamente com medalhões quadrados. O beiral é curvo em estuque e o telhado possui pequenas mansardas. Na face oeste, pela Rua do Príncipe, apresenta um toldo em estrutura metálica e sacada. A ampliação recebida segue o mesmo alinhamento e altura e o mesmo tratamento da fachada e esquadrias com a adição de uma mansarda com três janelas e pequeno frontão triangular.
Na esquina sul, o imóvel da família Richlin, construído em 1932, pelo mesmo arquiteto Georg Keller, embora em estilo marcadamente diferente. Na fachada, no alto, pode-se observar a inscrição G.R., que são as iniciais de Gustavo Richlin. Seguindo-se pela Rua do Príncipe, percebe-se que o prédio foi ampliado duas vezes, ocupando atualmente toda a frente de quadra. Na primeira ampliação, as iniciais A.R. indicam que o proprietário era Adolfo Richlin, filho de Gustavo. Na segunda ampliação, que segue até a esquina com a Rua 3 de Maio, notam-se as iniciais W.G.R., para Werner Gustavo Richlin, filho de Adolfo, junto com o ano da obra: 1991.
Além das inscrições acompanhadas dos respectivos anos, duas particularidades podem ser observadas neste edifício: a mão-francesa que sustenta o toldo tem um desenho que é idêntico ao da mão-francesa do prédio da antiga Farmácia Minâncora, indicando que houve ou uma aquisição conjunta, ou um vizinho inspirou-se no prédio do outro. A segunda particularidade diz respeito à comunicação visual exemplar, sem a poluição visual observada em prédios vizinhos. Aqui, ela já segue o padrão indicado para prédios tombados - como é o caso deste, tombado também como patrimônio estadual.
Este prédio, mesmo com suas sucessivas ampliações em períodos distintos manteve sua unidade. O primeiro prédio de 1932 reconhece e marca a esquina com uma porta em arco pleno com bandeira ladeado por duas semi-colunas que terminam em mísulas que sustentam a sacada com gradil de ferro. As esquadrias são em verga reta e pilastras marcam o ritmo da fachada que recebe ornamentos mais simples e geométricos. A primeira ampliação foi de um volume mais alto que faz a transição para a ampliação de 1991 onde, com a mesma altura do prédio de 1932, são construídos três andares e não dois, o que revela um pé-direito menor e aberturas mais horizontais ocupando toda a área entre os pilares. A outra esquina também é chanfrada, porém sem maiores adornos. O telhado com beirais e em múltiplas águas finaliza a unidade do conjunto.
No outro lado da rua, o imóvel de número 458. foi construído entre 1906 e 1910 e sediou a residência e a relojoaria de Friedrich Müller. Ao longo dos anos, recebeu uso comercial diverso. É também tombado pelo Estado de Santa Catarina.
Este sobrado segue o alinhamento de altura e o mesmo estilo do prédio vizinho, o antigo escritório de Abdon Baptista. É um prédio eclético, simétrico, de cinco janelas com arco abatido e pestanas retas, sendo que a central possui um balcão com gradil metálico. O térreo foi totalmente descaracterizado, porém o andar superior mantém sua originalidade com seus cunhais marcados e a platibanda com arcaturas. A exemplo de seu vizinho, não possui mais os jarrões que adornavam sua platibanda.
Edifício Colon
Na esquina seguinte, com a Rua Jacob Richlin, o edifício Colon, prédio em dois pavimentos com marquise em concreto em toda sua extensão que reforça sua horizontalidade. Como outros da mesma rua, chanfra a esquina e cria um volume destacado mais alto. A platibanda com seu friso e capeamento com telhas cerâmicas capa-e-canal e suas grades de madeira torneada da bandeira da porta de acesso ao pavimento superior, assim como os balaústres da escada revelam uma influência da arquitetura hispânica que se convencionou chamar de estilo californiano, estando muito em voga nos anos 1940 e 1950.
Seguimos agora pela Alameda Brüstlein, inicialmente uma alameda que dava acesso à Maison Joinville. Já teve diversos usos e desenhos como via para veículos e jardim. No meio da via, o busto da Princesa Dona Francisca foi esculpido por Fritz Alt, sendo a sua primeira obra pública, inaugurada em 1926.